Tontura na pandemia!
A prevalência de pacientes que aparecem no consultório com queixas de tontura e zumbido aumentou consideravelmente desde o início da pandemia do COVID-19.
Interessante a percepção que esse tipo de queixa se intensificou em variadas faixas etárias, desde jovens adolescentes, adultos e idosos.
Não considerando as causas infecciosas, como o próprio SARS-COV 2, diversos outros fatores relacionados ao estilo de vida podem ser identificados como sendo a causa desse aumento significativo.
Uma das causas observadas foi o sedentarismo provocado pelo isolamento e o fechamento de academias de exercícios como hidroginástica e pilates, frequentemente praticadas por pessoas de mais idade que, com a interrupção desse tipo de atividade, perderam a capacidade de sustentação do equilíbrio.
Sabemos que o equilíbrio é uma função complexa do organismo que exige uma interação do sistema vestibular, óptico e proprioceptivo. Dessa maneira, a prática de exercícios físicos sustenta e estimula a capacidade do organismo de se manter inconscientemente equilibrado de maneira estática e dinâmica, sem que ocorram oscilações ou desvios.
Associado ao isolamento e à diminuição de atividades físicas, o nível de estresse provocado foi responsável por desequilíbrios na homeostase do organismo, aumentando os níveis de cortisol, vasoconstrição, tensão muscular, mental e emocional.
Com isso, é mais do que natural que os organismos reajam com sintomas de aviso como os que comumente ocorrem nos casos de alterações da função labiríntica.
E por último, mas não menos importante, e relacionado ao aumento do sedentarismo e do estresse entre as pessoas, as alterações provocadas por uma alimentação mais descontrolada, com abuso de bebidas alcóolicas e excesso de carboidratos de rápida absorção como doces e chocolates, muito usados como fuga para conseguir aliviar os sintomas depressivos e de ansiedade.
As variações de glicemia desencadeadas pelo uso excessivo de açúcares estão sendo frequentemente observadas nos pacientes que aparecem para atendimento com queixas vestibulares.
É de extrema importância a conscientização dos profissionais que atendem esses pacientes para que sejam realizados diagnósticos corretos e precisos. Dessa maneira é possível proporcionar não somente melhora dos quadros agudos, mas principalmente promover prevenção de crises recorrentes.
Os pacientes, por sua vez, devem retomar suas atividades físicas e de lazer para que possam usufruir sua vida de maneira mais saudável e não corram riscos de desencadear processos que podem gerar mal-estar, interrupções ou perturbações de suas atividades rotineiras e aumento do risco de quedas, fator importante da maior gravidade e morbidade dos casos de alterações do equilíbrio.
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O Profissional
O Dr. Fernando Ioriatti Chami é natural de São Paulo, capital, nascido em 1966. Estudou medicina na Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM), formando-se em 1990.
Especializou-se em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço pela mesma instituição em 1995.
Em 1997, defendeu título de Mestre em Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Em 2003 adquiriu o título de Doutor em Medicina ao estudar os efeitos da acupuntura em um modelo experimental de alergia respiratória, também na UNIFESP – Escola Paulista de Medicina.