A prevalência de pacientes que aparecem no consultório com queixas de tontura e zumbido aumentou consideravelmente desde o início da pandemia do COVID-19.

Interessante a percepção que esse tipo de queixa se intensificou em variadas faixas etárias, desde jovens adolescentes, adultos e idosos.

Não considerando as causas infecciosas, como o próprio SARS-COV 2, diversos outros fatores relacionados ao estilo de vida podem ser identificados como sendo a causa desse aumento significativo.

Uma das causas observadas foi o sedentarismo provocado pelo isolamento e o fechamento de academias de exercícios como hidroginástica e pilates, frequentemente praticadas por pessoas de mais idade que, com a interrupção desse tipo de atividade, perderam a capacidade de sustentação do equilíbrio.

Sabemos que o equilíbrio é uma função complexa do organismo que exige uma interação do sistema vestibular, óptico e proprioceptivo. Dessa maneira, a prática de exercícios físicos sustenta e estimula a capacidade do organismo de se manter inconscientemente equilibrado de maneira estática e dinâmica, sem que ocorram oscilações ou desvios.

Associado ao isolamento e à diminuição de atividades físicas, o nível de estresse provocado foi responsável por desequilíbrios na homeostase do organismo, aumentando os níveis de cortisol, vasoconstrição, tensão muscular, mental e emocional.

Com isso, é mais do que natural que os organismos reajam com sintomas de aviso como os que comumente ocorrem nos casos de alterações da função labiríntica.

E por último, mas não menos importante, e relacionado ao aumento do sedentarismo e do estresse entre as pessoas, as alterações provocadas por uma alimentação mais descontrolada, com abuso de bebidas alcóolicas e excesso de carboidratos de rápida absorção como doces e chocolates, muito usados como fuga para conseguir aliviar os sintomas depressivos e de ansiedade.

As variações de glicemia desencadeadas pelo uso excessivo de açúcares estão sendo frequentemente observadas nos pacientes que aparecem para atendimento com queixas vestibulares.

É de extrema importância a conscientização dos profissionais que atendem esses pacientes para que sejam realizados diagnósticos corretos e precisos. Dessa maneira é possível proporcionar não somente melhora dos quadros agudos, mas principalmente promover prevenção de crises recorrentes.

Os pacientes, por sua vez, devem retomar suas atividades físicas e de lazer para que possam usufruir sua vida de maneira mais saudável e não corram riscos de desencadear processos que podem gerar mal-estar, interrupções ou perturbações de suas atividades rotineiras e aumento do risco de quedas, fator importante da maior gravidade e morbidade dos casos de alterações do equilíbrio.